terça-feira, 29 de maio de 2012

No matadouro de Palmeirina, cães e urubus disputam restos de bois

Durante a inspeção ao Matadouro Municipal de Palmeirina, a 212 km de Recife, o fiscal da Adagro, André Teixeira, confidencia à reportagem do blog Carne Saudável: “Está tudo errado”.
E, com tantas irregularidades detectadas, não poderia mesmo ser diferente. Uma funcionária da linha de abate admite aos inspetores da Agência de Defesa Agropecuária de Pernambuco (Adagro) que os animais são abatidos no chão. Há dois corredores que, na teoria, seriam espaços separados – um para o abate e outro para separar tripas, couro e partes não usadas do animal e ferver vísceras. Na prática, porém, as divisões exigidas por regras sanitárias não são respeitadas.Segundo o relato da funcionária, os bois mortos vão sendo amontoados no chão, à medida que entram, para que sejam retalhados e eviscerados. No entanto, quando há acúmulo de bois no pequeno espaço do matadouro, o boi atordoado é arrastado, no chão, para uma antessala ao lado, dando lugar ao trabalho dos funcionários. Depois, quando se faz espaço, o boi é levado de volta ao corredor de produção do Matadouro.
Em Palmeirna, como nos outros matadouros visitados em Pernambuco, a marreta para atordoar e matar os bois estava exposta. Na foto, podemos ver uma grade usada para apoiar a cabeça do animal para que seja finalizado o abate a marretadas e facilitar o retalho, sempre no chão. No final da linha de produção, é possível ver duas varas longas usadas para o transporte da carcaça até o veículo que transportará a carne – outra irregularidade.
Nos fundos do prédio, onde estão os currais, mais problemas. Uma cabeça de boi, sobra de abate, jogada no mato, próxima à cerca, era devorada por cães. Urubus sobrevoavam o local. “Este lugar não deveria estar funcionando faz tempo”, diz o fiscal da Adagro.
Já em Brejão, a 30 km de Palmeirina, os problemas de outros matadouros se repetem. O espaço é pequeno para conter todas as divisórias necessárias para o abate bovino (corte, evisceração, triparia, couro, descarte do conteúdo de estômago e intestinos, e ferver as vísceras). Devido à ausência de trilhos suspensos e pelas marcas de marretadas no chão, o abate, muito provavelmente, também é feito no chão. Nos fundos do estabelecimento, é possível ver um dos grandes problemas do abatedouro: o sangue escorrendo direto para a mata, sem qualquer tipo de cuidado sanitário, poluindo o meio-ambiente.
O blog Carne Saudável acompanhou a operação de inspeção de dois dias da Adagro pelas cidades de Terezinha, Bom Conselho, Palmerina e Brejão, no interior de Pernambuco. A blitz faz parte da Operação Carne de Primeira, iniciada pelo Ministério Público (MP) estadual no ano passado. Os laudos dos técnicos servirão de base para as atitudes que MP tomará em relação aos matadouros. Devido aos descalabros encontrados nos quatro estabelecimentos administrados pelas respectivas prefeituras, a Adagro deve recomendar a interdição de todos.
Os fiscais admitem que não há um só matadouro no estado de Pernambuco totalmente de acordo com as exigências sanitárias do Ministério da Agricultura. Em situações não tão absurdas, existe a possibilidade de acordos, como Termos de Ajustamento de Conduta (TAC), mas esse não foi o caso dos estabelecimentos observados nessa blitz de dois dias.
O Programa Carne de Primeira ainda tem um longo caminho ela frente. Enquanto isso, cães e urubus disputando restos deixados pelo descaso das administrações locais serão cenas comuns no interior de Pernambuco. “É complicado. As pessoas colocam uma parede e um teto e dizem que é matadouro”, desabafa um dos fiscais da Adagro.
Fonte : http://carnesaudavel.blog.br/?p=932

Um comentário:

  1. Esse è o retrato da administração de EUDSON E TOINHO VICENTE, uma vergonha atrás da outra, agora TOINHO QUE SER PREFEITO, VCS QUEREM CONTINUAR ESSA VERGONHA.

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